Para conhecer uma das empresas mais importantes na produção de alimentos orgânicos do estado, localizada na região do Brejal, em Petrópolis (Rio de Janeiro), visitamos o Armazém Sustentável, inspirado na lembrança dos antigos armazéns. Fundada em abril de 2010, a empresa, que hoje é referência em produção orgânica, nasceu a partir do interesse de seus criadores, Luiz Henrique Fonseca e Gustavo Aronovick, pelas questões relacionadas à sustentabilidade e ao comércio justo. “O Armazém Sustentável foi o primeiro processador de alimentos do Brejal, o maior produtor orgânico do estado. Temos aqui a facilidade da logística na aquisição dos insumos produzidos pelos vizinhos e também da nossa própria logística, após a nossa decisão de plantar aquilo que consumimos”, afirma Luiz Henrique, um dos fundadores do Armazém.
Ele destaca ainda os motivos que os levaram a tomar a decisão de realizar seus próprios cultivos. “Temos três vantagens em relação a isso: a econômica, já que o insumo acaba saindo mais barato; a questão da independência, já que alguns vizinhos que fornecem insumos para o Armazém não são tão constantes; e o chamado km zero, que consiste em não emitir ou emitir o mínimo possível de carbono. Hoje temos terras e funcionários para isso, colocando na ponta do lápis, percebi que valeria a pena plantar”, explica.
Geleias e produtos em conserva produzidos e vendidos no Armazém. (Foto: Sylvia Wachsner)
No Sítio que rodeia a agroindústria são plantados alguns dos ingredientes utilizados na fabricação dos seus famosos produtos, como as geleias de jabuticaba e de laranja-da-terra, além das conservas de berinjela e de pepino agridoce com gengibre. “O Brejal é o maior produtor de orgânicos do estado do Rio, mas, ainda assim, em alguns momentos ele não consegue atender a nossa demanda e precisamos trazer frutos de fora. Algumas vezes por causa da climatologia, mas outras porque o agricultor está focado em outro tipo de cultura, como folhosos e cenouras, produtos comercializados nas feiras de orgânicos e que garantem dinheiro imediato ao produtor”, explica Gustavo Aronovick, o outro sócio-fundador do Armazém. “Ficamos várias vezes sem ter acesso a esses insumos e resolvemos plantar parte deles, pelo menos na época do ano em que o clima nos permite”, completa.
A propriedade está localizada em uma área cercada por Mata Atlântica nativa e por diversas nascentes. Foto: Sylvia Wachsner
A propriedade, localizada em uma área cercada por Mata Atlântica nativa e por diversas nascentes, faz parte do PSA Hídrico – Pagamento por Serviços Ambientais, um programa da AGEVAP (Agência de Bacia), da Prefeitura de Petrópolis e, principalmente, do Comitê Piabanha. “Firmamos um contrato com essas três entidades, onde eles nos fazem um pagamento anual no valor de um salário mínimo”, afirma Luiz Henrique, destacando que o valor não é a parte fundamental, mas sim o fato de que enquanto eles forem donos dessas três propriedade, têm um compromisso com o projeto de manter os mananciais hídricos.
Os programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) têm valorizado o papel do produtor rural na conservação dos ecossistemas, além de permitir melhorias na produção e no rendimento desses trabalhadores.
Por Jéssica Silvano
Fonte: http://www.organicsnet.com.br/2018/01/sustentabilidade-e-comercio-justo-na-regiao-do-brejal-rio-de-janeiro/
Dentro da tradicional confraternização de fim de ano, o Projeto de Agricultura Urbana promoveu reunião de avaliação e planejamento de atividades com os parceiros da Rede Carioca de Agricultura Urbana e da Articulação de Agroecologia da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no último dia 18 de dezembro. Cerca de 100 pessoas estiveram presentes representando sete diferentes dinâmicas da região.
Após o acolhimento preparado com muito cuidado pelas mulheres do Arranjo Colônia Juliano Moreira, os grupos participantes puderam partilhar os resultados das avaliações preparatórias. Foi um momento de partilha importante, marcado por muitas dificuldades como as crises institucionais e a diminuição de equipes ou mesmo instituições; a perda da jovem militante Jéssica assinada brutalmente, a perda de companheiros de caminhada, agricultoras e agricultores, jovens e idosos, que construíam a agricultura urbana e agroecológica, as perdas materiais também promovidas pela violência urbana.
Mas em meio aos desafios que marcaram profundamente a trajetória das Redes locais, os grupos conseguiram trazer momentos de afirmação e construção de caminhos para uma cidade do bem-viver: o encontro de Sementes da Coopagé apontou estratégias novas de valorização da diversidade local e da autonomia dos produtores, as feiras da roça e as feiras da agricultura familiar agroecológicas se fortaleceram como espaços de comercialização, mas também como espaços de valorização do alimento saudável, do consumo consciente e sobretudo, um espaço de sociabilidade e de afirmação de uma agricultura, que ainda invisível, permanece pujante. Novos projetos brotaram, como o Sementes Urbanas desenvolvido pelos moradores da Penha que também souberam se reconstruir e florescer. A Cozinha Colher de Pau em Magé, uma iniciativa pessoal, que vem se transformando num foco importante de formação, de geração de renda e de inclusão de jovens e mulheres que querem produzir de forma agroecológica. O Coletivo de Jovens e a Roda de Mulheres também se despontaram como espaços de formação e de fortalecimento de sujeitos ativos na reconstrução da cidade que queremos.
Ao final da rodada de socialização, um sentimento comum: o de que precisamos estar juntos e em rede para continuar na construção de uma cidade mais justa e includente.
A confraternização encerrou com um almoço agroecológico, produzido pelas mãos das mulheres da Colônia Juliano Moreira e com produtos dos agricultores e agricultores da região metropolitana do Rio de Janeiro. A alegria ficou por conta de dona Elza, do Bosque das caboclas e o encerramento foi animado pelos Brincantes, de Vargem Grande.
O Projeto de Agricultura Urbana é apoiado pela Misereor.
Fonte: http://aspta.org.br/2018/01/projeto-de-agricultura-urbana-promove-reuniao-de-avaliacao-com-os-parceiros-da-regiao-metropolitana-do-rio-de-janeiro/