Dentro da tradicional confraternização de fim de ano, o Projeto de Agricultura Urbana promoveu reunião de avaliação e planejamento de atividades com os parceiros da Rede Carioca de Agricultura Urbana e da Articulação de Agroecologia da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no último dia 18 de dezembro. Cerca de 100 pessoas estiveram presentes representando sete diferentes dinâmicas da região.
Após o acolhimento preparado com muito cuidado pelas mulheres do Arranjo Colônia Juliano Moreira, os grupos participantes puderam partilhar os resultados das avaliações preparatórias. Foi um momento de partilha importante, marcado por muitas dificuldades como as crises institucionais e a diminuição de equipes ou mesmo instituições; a perda da jovem militante Jéssica assinada brutalmente, a perda de companheiros de caminhada, agricultoras e agricultores, jovens e idosos, que construíam a agricultura urbana e agroecológica, as perdas materiais também promovidas pela violência urbana.
Mas em meio aos desafios que marcaram profundamente a trajetória das Redes locais, os grupos conseguiram trazer momentos de afirmação e construção de caminhos para uma cidade do bem-viver: o encontro de Sementes da Coopagé apontou estratégias novas de valorização da diversidade local e da autonomia dos produtores, as feiras da roça e as feiras da agricultura familiar agroecológicas se fortaleceram como espaços de comercialização, mas também como espaços de valorização do alimento saudável, do consumo consciente e sobretudo, um espaço de sociabilidade e de afirmação de uma agricultura, que ainda invisível, permanece pujante. Novos projetos brotaram, como o Sementes Urbanas desenvolvido pelos moradores da Penha que também souberam se reconstruir e florescer. A Cozinha Colher de Pau em Magé, uma iniciativa pessoal, que vem se transformando num foco importante de formação, de geração de renda e de inclusão de jovens e mulheres que querem produzir de forma agroecológica. O Coletivo de Jovens e a Roda de Mulheres também se despontaram como espaços de formação e de fortalecimento de sujeitos ativos na reconstrução da cidade que queremos.
Ao final da rodada de socialização, um sentimento comum: o de que precisamos estar juntos e em rede para continuar na construção de uma cidade mais justa e includente.
A confraternização encerrou com um almoço agroecológico, produzido pelas mãos das mulheres da Colônia Juliano Moreira e com produtos dos agricultores e agricultores da região metropolitana do Rio de Janeiro. A alegria ficou por conta de dona Elza, do Bosque das caboclas e o encerramento foi animado pelos Brincantes, de Vargem Grande.
O Projeto de Agricultura Urbana é apoiado pela Misereor.
Fonte: http://aspta.org.br/2018/01/projeto-de-agricultura-urbana-promove-reuniao-de-avaliacao-com-os-parceiros-da-regiao-metropolitana-do-rio-de-janeiro/
Apesar de ser a maior metrópole do país e continuar se expandindo cada vez mais, a cidade de São Paulo tem desenvolvido práticas de agricultura urbana em praças e vazios existentes em seu tecido urbano.
São Paulo é a maior cidade do Brasil, com mais de onze milhões de habitantes e é um grande exemplo de poluição e insustentabilidade. Porém, algumas pequenas ações já podem ser consideradas como um fator positivo para a cidade, apesar de parecer um paradoxo. Atualmente, muitos paulistanos dentro da região metropolitana se sustentam com o que plantam e o que colhem.
Isso pode ser visto em números. Segundo o levantamento da prefeitura da cidade, há mais de mil peuenos produtores rurais dentro dos limites metropolitanos de São Paulo. A grande maioria está concentrada em uma região na zona sul, o distrito de Parelheiros. Esta concentração não é aleatória: a região se constituiu historicamente como um cinturão verde da cidade e que ainda guarda características do campo.
Estas pequenas áreas de cultivo na zona sul da cidade não se assemelham em nada com a organização da metrópole. Com traços de campo, suas ruas são de terra e muito arborizadas e possuem ainda a presença de duas áreas de proteção ambiental. A atividade é de grande importância para a economia da região: além de alimentar famílias, a produção abastece feiras, gera empregos e ainda funciona como uma estratégia de preservação das reservas ambientais e dos manaciais presentes também na região.
Na zona leste da cidade, a prática de agricultura urbana também se mostra presente, porém em pequena escala se comparada à situação de Parelheiros, já que a disponibilidade de terras férteis é mais reduzida. Logo, o cultivo acontece em terrenos que não podem receber construções como embaixo de linhas de transmissão elétrica ou em cima de oleodutos, principamente no bairro de São Mateus, com o incentivo da prefeitura e de ONGs especializadas em segurança alimentar e em agroecologia. Além da produção abastecer as feiras dos arredores, a ocupação destes vazios urbanos garante um uso para estes espaços além de evitar que estes terrenos sejam usados como depósito de lixo.
Além destes dois exemplos mais consolidados, podemos ver intenções de produção agrícola nas áreas mais centrais de São Paulo, em pequenas áreas. Recentemente, moradores próximos a praças abandonadas pela prefeitura, têm proposto um outro uso para estes espaços como pequenas hortas urbanas, mais com o intuito de reunir a comunidade do que de uma produção para abastecer famílias e feiras. Estas iniciativas têm recebido o apoio de outros grupos urbanos que têm lutado por uma cidade mais sustentável e mais “humana”, como os cicloativistas.
Logo, podemos perceber que a ideia de uma cidade em um contato maior com a natureza e mais sustentável não é impossível, posto que em uma metrópole caótica como São Paulo há tantas iniciativas em diferentes escalas e regiões, que recebem o apoio de ONGs e algumas vezes da prefeitura. O que parece absurdo, o retorno do contato com a terra e com o campo – um caminho contrário à urbanização e à industrialização, está começando a ser valorizado e a surgir nas grandes cidades.
Via Rede Brasil Atual.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-108756/sao-paulo-e-sua-crescente-agricultura-urbana